sábado, 5 de agosto de 2017

Vida Corrida



Vida corrida, recheada de atribulações, obrigações e satisfações a dar. Mal temos tempo para respirar, em vista de tantas exigências deste mundo cada vez mais acelerado.



Acrescente ainda, neste contexto, a ânsia pelo sucesso, considerado como elemento determinante da felicidade humana e sempre amplificada pela necessidade da publicidade eletrônica das redes sociais. Pelo sucesso atropelam-se valores, princípios e outras vidas humanas. O sucesso justifica tudo, até mesmo, para muitos incautos, ter uma caminhada infeliz nesta vida.



Escrevo estas linhas, logo após ler as notícias e a carta da triatleta Ariane Monticeli, vencedora do Ironman Florianópolis em 2015, pega no exame antidoping recentemente. Dentre os argumentos que ela utiliza para explicar o que havia ocorrido, destaco dois: a necessidade de vencer e a vergonha de ter trapaceado (que a levou a atentar contra a própria vida). Além de perder sua promissora carreira (deve ser suspensa por 4 anos), Ariane desapontou técnicos, patrocinadores, amigos e fãs. Perdeu o namorado, que se sentiu traído por sua atitude desonesta. Tudo isso, pelo sucesso.



Em seu testemunho ela deixa claro que os fins não justificam os meios. Para a carreira esportiva de Ariane, agora, é tarde demais. Mas, e para nós? Que castelos andamos construindo? Será que realmente precisamos de castelos para sermos felizes?



Conversa com um amigo querido exatamente sobre isto e utilizava como metáfora que somos como um caldeirão no fogo. As diversas decisões que tomamos na vida, vai enchendo esse caldeirão de ingredientes: família, amigos, trabalho, dinheiro, etc. Muitas vezes, não conseguimos controlar a entrada desses ingredientes, tendo vista as pressões sociais a que estamos submetidos.



Todavia, tem algo que está sob nosso controle: o fogo que esquenta esse caldeirão. De fato, antes da água ferver e tudo transbordar, podemos baixar o fogo. Podemos desacelerar o processo e esfriar nossas ansiedades e desejos.



Cabe a nós, dosar o quanto de expectativa depositamos naquilo que fazemos e, a partir daí, pensar nas consequências de cada passo que damos. Tirar o foco da necessidade de sucesso e coloca-lo na possibilidade de ser feliz com menos, pode ser um caminho para esfriar o caldeirão.



Afinal, a felicidade está em ser humano e não em ser perfeito.

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